Projeto relatado por deputada goiana destina 0,1% da arrecadação das bets, incluindo o tigrinho, para fortalecer o esporte de surdos por meio da CBDS
Publicado em
23/07/2025
às 06:24
Brasil
A Comissão de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência da Câmara dos Deputados aprovou recentemente o Projeto de Lei 448/2024, que destina 0,1% da arrecadação das apostas esportivas e cassinos online, incluindo jogos como o tigrinho, à Confederação Brasileira de Desportos de Surdos (CBDS).
A medida altera o percentual que atualmente vai ao Ministério do Esporte, reduzindo-o de 22,2% para 22,1%, a fim de viabilizar o novo repasse. O projeto, de autoria do deputado Julio Cesar Ribeiro (Republicanos-DF), teve parecer favorável da relatora, deputada Flávia Morais (PDT-GO), que justificou a proposta com entusiasmo.
“Tendo em vista que a CBDS desempenha um papel vital no desenvolvimento do desporto entre os surdos, precisamos valorizar o seu trabalho, que cria e oferece programas de treinamento, realiza competições esportivas específicas e apoia abertamente inúmeros atletas surdos em diversas modalidades esportivas”, afirmou a deputada.
O projeto será analisado ainda pelas comissões de Esporte, Finanças e Tributação, e de Constituição e Justiça. Caso essa nova divisão da arrecadação com as bets e o tigrinho seja aprovada, seguirá para o Senado antes de se tornar lei.
Futebol e tigrinho lideram apostas
De acordo com dados da KTO, o futebol é, com folga, o esporte preferido dos apostadores brasileiros. Em 2024, ele representou 95,06% dos usuários ativos e 90,48% do volume total de apostas. No universo dos cassinos online, os slots são os verdadeiros campeões de popularidade. Segundo dados recentes, eles representam 93,66% das rodadas jogadas, muito à frente dos crash games (4,37%) e da roleta (0,77%).
Dentre os slots, o jogo Fortune Tiger, popularmente conhecido como tigrinho, lidera a preferência na KTO. Desenvolvido pela PG Soft, ele alcançou 46,74% de popularidade entre os jogadores e 14,10% das rodadas em maio de 2025.
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A presença de tigrinho no topo do ranking reforça o apelo visual e temático dos slots asiáticos, que combinam elementos de sorte, superstição e gráficos chamativos. O jogo tornou-se um fenômeno entre os brasileiros, presente em conversas, memes e transmissões nas redes sociais voltadas para o público de apostas.
A tributação das apostas e a divisão dos recursos
A nova legislação que regulamenta as apostas no Brasil foi sancionada em dezembro de 2023 e começou a ser implementada em 2024. Segundo as regras, as empresas operadoras devem pagar alíquota de 12% sobre a receita bruta (GGR); recentemente, o governo federal editou Medida Provisória que aumenta o imposto das bets para 18% .
Nos primeiros cinco meses de 2025, as bets já renderam R$ 3 bilhões à União, valor que será distribuído entre diversas áreas. O setor do esporte, por exemplo, ficará com 36% desse montante, sendo dividido da seguinte forma: 22,2% para o Ministério do Esporte (agora 22,1%, com a nova proposta), 7,3% para o Sistema Nacional do Esporte, 0,7% para secretarias estaduais e do DF, e o restante para confederações esportivas.
Outros percentuais incluem 28% para o turismo, 13,6% para segurança pública, 10% para educação, 10% para seguridade social, 1% para o Ministério da Saúde, 0,5% para entidades da sociedade civil, 0,5% para o Fundo da Polícia Federal e 0,4% para a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial.
Ao mesmo tempo que o tigrinho domina o cassino online, o governo continua preparando ações para limitar os perigos do jogo. Desde fevereiro, está em análise a criação de um cadastro de pessoas proibidas de apostar, medida para centralizar as informações repassadas às bets autorizadas a funcionar no país.
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