Publicado em
03/07/2025
às 17:22
Em Goiás
Pelo menos 650 cavalos morreram nos últimos dois meses supostamente após consumir rações de uma empresa com fábrica em Goiás. Somente em São Paulo, seriam 290. A Nutratta Nutrição Animal Ltda. tem manufatura em Itumbiara e, no começo de junho, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) já apurava o caso, chegando a suspender a comercialização do protudo. A companhia nega os números e diz colaborar com o Mapa, além de tomar providências e medidas de autocontrole (confira a nota na íntegra ao fim da matéria).
Sobre os números, eles foram levantados pela advogada Maria Alessandra Agarussi ao Metrópoles e confirmados a reportagem. Ela representa criadores afetados. Ao portal, ela afirmou que não dá para estimar os prejuízos. “Incalculável se contar a perda genética e sentimental. Animais únicos da raça mangalarga marchador foram a óbito. Não tem como repor esta genética. Em termos materiais, da ordem de milhões”, disse.
Outros casos foram registrados em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Alagoas, Bahia, Rio Grande do Norte e Goiás. Um dos criadores goianos que teve prejuízo foi Weder Silva, que tem propriedade em Goiânia. “Prejuízo muito grande. Nem sei como te falar o tamanho do problema que essa empresa está causando em Goiás e no Brasil inteiro. Uma tragédia.”
Os problemas começaram há 40 dias e ainda persistem, segundo Weder. Ele perdeu três cavalos e outros três estão em observação. Os sintomas incluem desorientação, alterações de comportamento e mudanças na locomoção. Eles também perdem o apetite e ficam prostrados. Outro criador de Goiás confirmou ao portal que também perdeu um cavalo. Ele, contudo, disse que não poderia dar entrevista neste momento.
Atualmente, existe um grupo no WhatsApp chamado “Vítimas do Caso Nutratta” com 406 membros. Além das quase 700 mortes, aproximadamente 367 animais estão em tratamento e 212 sob observação clínica.
Em nota, a Nutratta, por meio do advogado Diêgo Vilela, lamentou os relatos de intoxicação e disse que colabora com o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) para elucidar os fatos. Sobre os números, o jurista diz que eles não procedem.
Nota completa da Nutratta
“A Nutratta lamenta profundamente os relatos de intoxicação e óbitos de animais associados ao produto Foragge Horse, da linha de nutrição animal equina, e reforça que está colaborando integralmente com o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) para elucidar os fatos, inclusive recebendo os os técnicos do MAPA em sua planta, fornecendo todos os documentos e informações técnicas solicitadas.
Embora as investigações do Ministério da Agricultura e Pecuária ainda estejam em curso, foi divulgada nota técnica no sentido de que as análises laboratoriais preliminares indicaram a presença da substância monocrotalina, que é produzida pela própria natureza, por plantas do gênero Crotalaria – uma leguminosa que é muito utilizada em adubação verde _, e que pode estar presente em matérias-primas de origem vegetal utilizadas em diferentes cadeias agroindustriais, tratando-se, pois, de uma fatalidade, caso isso venha a ser confirmado.
Assim, diante da situação excepcional, a Nutratta já adotou medidas adicionais de autocontrole. Entre essas ações estão o reforço das análises laboratoriais, revisão dos protocolos de qualificação de fornecedores e rastreabilidade das matérias-primas vegetais, revisão completa dos processos sanitários internos e reestruturação do layout fabril.
Por fim, a Nutratta destaca que vem adotando todas as providências cabíveis para mitigar os efeitos da situação, incluindo suporte técnico aos clientes, rastreamento dos lotes envolvidos e revisão de seus processos internos. Ressalta-se que não há, até o momento, conclusão definitiva quanto a eventual nexo de causalidade entre os casos relatados e os produtos da empresa, e que a empresa conseguiu uma liminar na Justiça Federal para restabelecer seu funcionamento quanto à atividade de produção e comércio dos produtos não destinados a equinos.
A Nutratta permanece à disposição das autoridades e da sociedade para prestar os esclarecimentos técnicos necessários, mantendo seu compromisso com a qualidade, a segurança alimentar e o bem-estar animal, valores que sempre nortearam sua atuação.“
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