Publicado em
03/02/2022
às 06:58
Brasil
O Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa Selic, juros básicos da
economia, de 9,25% para 10,75% ao ano. A decisão era esperada pelos analistas
financeiros.
A taxa atingiu os dois dígitos pela primeira vez desde julho de 2017, quando
também estava em 10,25% ao ano. Esse foi o oitavo reajuste consecutivo na taxa
Selic. De março a junho do ano passado, o Copom tinha elevado a taxa em 0,75
ponto percentual em cada encontro. No início de agosto, o BC passou a
aumentar a Selic em 1 ponto a cada reunião. Com a alta da inflação e o
agravamento das tensões no mercado financeiro, o reajuste passou para 1,5 ponto
nas três últimas reuniões.
Em
comunicado, o Copom indicou que continuará a elevar os juros básicos até que a
inflação esteja controlada no médio prazo. O órgão, no entanto, informou que reduzirá
o ritmo das altas da taxa Selic nas próximas reuniões, porque a economia ainda
está sentindo o impacto dos aumentos anteriores.
“Em relação aos seus próximos passos, o Comitê antevê como mais adequada, neste
momento, a redução do ritmo de ajuste da taxa básica de juros. Essa sinalização
reflete o estágio do ciclo de aperto, cujos efeitos cumulativos se manifestarão
ao longo do horizonte relevante”, destacou a nota do Copom.
Com a decisão desta quarta-feira (2), a Selic continua num ciclo de alta,
depois de passar seis anos em ser elevada. De julho de 2015 a outubro de 2016,
a taxa permaneceu em 14,25% ao ano. Depois disso, o Copom voltou a reduzir os
juros básicos da economia até que a taxa chegasse a 6,5% ao ano em março de
2018. A Selic voltou a ser reduzida em agosto de 2019 até alcançar 2% ao ano em
agosto de 2020, influenciada pela contração econômica gerada pela pandemia de
covid-19. Esse era o menor nível da série histórica iniciada em 1986.
Inflação
A
Selic é o principal instrumento do Banco Central para manter sob controle a
inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo
(IPCA). Em 2020, o indicador fechou em 10,06%, no maior nível desde
2015, pressionado pelo dólar, pelos combustíveis e pela alta da energia
elétrica.
O valor está acima do teto da meta de inflação, que era de 5,25% no ano
passado. Para 2022, o Conselho Monetário Nacional (CMN) fixou meta de inflação
de 3,5%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual. O IPCA, portanto,
não podia superar 5% neste ano nem ficar abaixo de 2%.
No Relatório de Inflação divulgado no fim de dezembro pelo
Banco Central, a autoridade monetária estimava que, em 2021, o IPCA fechará
2022 em 4,7% no cenário base. A projeção, no entanto, pode estar desatualizada
com as tensões internacionais que elevam a cotação do petróleo e com
fatores climáticos que prejudicam as safras em diversas partes do Brasil.
As previsões do mercado estão mais pessimistas. De acordo com o boletim
Focus, pesquisa semanal com instituições financeiras divulgada pelo BC, a
inflação oficial deverá fechar o ano em 5,38%. A projeção oficial só será
atualizada no próximo Relatório de Inflação, que será divulgado no fim de
março.
Crédito
mais caro
A
elevação da taxa Selic ajuda a controlar a inflação. Isso porque juros maiores
encarecem o crédito e desestimulam a produção e o consumo. Por outro lado,
taxas mais altas dificultam a recuperação da economia. No último Relatório
de Inflação, o Banco Central projetava crescimento de 1% para a economia
em 2022.
O mercado projeta crescimento um pouco maior. Segundo a última edição do boletim
Focus, os analistas econômicos preveem expansão de 1,55% do Produto
Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos pelo país) neste ano.
A taxa básica de juros é usada nas negociações de títulos públicos no Sistema
Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais
taxas de juros da economia. Ao reajustá-la para cima, o Banco Central segura o
excesso de demanda que pressiona os preços, porque juros mais altos encarecem o
crédito e estimulam a poupança.
Ao reduzir os juros básicos, o Copom barateia o crédito e incentiva a produção
e o consumo, mas enfraquece o controle da inflação. Para cortar a Selic, a
autoridade monetária precisa estar segura de que os preços estão sob controle e
não correm risco de subir.
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