Sexta-feira, 26 de Abril

Brasil pode precisar aumentar impostos, diz ex-presidente do BC

Publicado em 20/04/2016 às 21:19

Um dia depois de a Câmara aprovar o pedido de impeachment contra a presidente Dilma, Henrique Meirelles, um dos cotados para a Fazenda em um eventual governo Michel Temer, já a dava a página por virada.

 

'É importante olhar para a frente', disse o ex-presidente do BC em evento em Nova York nesta segunda (18).

 

Sobre a possibilidade de assumir a Fazenda, Meirelles disse que 'não comenta nenhum tipo de conversa particular'. Indicou, contudo, o que faria para 'assegurar que o Estado brasileiro recupere a confiança'.

 

O ex-presidente do Banco Central não descarta a hipótese de aumentar impostos, o que 'talvez seja necessário, mas claramente temporário'.

 

A lista de Meirelles inclui ainda a reforma tributária. Para ele, o calcanhar de Aquiles do país está mais na complexidade tributária do que no tamanho dessa carga, o que afeta empresas e afugenta investimentos do país.

 

Sem as reformas necessárias, não espere um PIB fortalecido em dez anos, alertou o presidente do BC.

 

Na sua apresentação, ele projetou três cenários para a expansão do PIB na próxima década: 1,2% se nada for feito, 2,6% com ajustes básicos e 4% com reformas efetivas.

 

Futuro incerto

 

Também presente ao evento organizado pela Câmara de Comércio Brasil-EUA, o secretário de Política Econômica, Manoel Carlos de Castro Pires, disse que é preciso pensar 'a curto, médio e longo prazo' e 'atravessar a tempestade política para chegar ao verão'.

 

Nomeado pelo ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, há quatro meses, Pires disse à Folha que a ordem é 'continuar trabalhando', ainda que o futuro da atual administração seja incerto.

 

'Independentemente da crise, vamos deixar a agenda necessária [para a recuperação da economia]. Os desafios econômicos são os mesmos, seja qual governo for”.

 

O secretário tentava passar algum otimismo para a plateia de investidores. Ele próprio, contudo, elencava dados pífios do desempenho da economia nacional.

 

Caso se cumpra a previsão de queda do PIB pelo segundo ano consecutivo, após encolhimento de 3,8% em 2015, será um fato inédito desde os anos 1930.

 

Pires afirmou que era 'difícil dar à agenda econômica a importância que ela precisa', mas, assim que a 'tempestade' passasse, o governo apresentaria políticas para 'retomar o caminho do crescimento', entre elas a reforma da Previdência.

 

Mais austeridade

 

Carlos Kawall, economista-chefe do Safra, que também esteve no encontro, pediu 'mais austeridade' e menos crédito subsidiado. 'Estamos exatamente no tipo de situação pela qual países europeus passaram', disse, lembrando de crises em Portugal e Grécia.

 

Sugeriu a adoção de medidas impopulares, como redução de salário por meio de jornadas parciais de trabalho.

 

Para Kawall, a 'bala de prata' na crise seria uma emenda constitucional que desse ao governo mais mobilidade para cortar despesas orçamentárias.

 

 

Por Anna Virginia Balloussier
De Nova York - Folha de São Paulo

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