Publicado em
31/10/2017
às 20:05
Em Goiás
Um aluno de medicina da Universidade Federal de Goiás (UFG) confessou ter comprado uma vaga na instituição. O estudante de 21 anos, que é natural de Ceres, afirmou ainda saber de outros universitários que fizeram o mesmo. O depoimento foi prestado à Polícia Civil durante a Operação Porta Fechada 2, que investiga fraudes em concursos, incluindo o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
O estudante afirmou na Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra a Administração Pública (Dercap), que o responsável pela negociação foi seu pai e que o homem que oferecia a vaga tinha o nome Gabriel. A Polícia Civil concluiu que seria Gabriel Ribeiro Araújo, preso preventivamente na segunda-feira (30), juntamente com outros sete envolvidos.
O aluno afirmou que só tomou conhecimento de que seria beneficiado no dia em que prestou o Enem, quando seu pai contou, apenas a caminho da prova, que havia negociado a vaga. O jovem foi orientado a preencher apenas dez questões no gabarito e escrever apenas dez linhas na redação.
Segundo o depoimento do estudante, ele foi contra a iniciativa do pai, mas mudou de ideia quando ficou sabendo que o mesmo negociou uma casa da família para garantir o ingresso do filho no curso de medicina da UFG.
Fraude
Ainda no depoimento, Gabriel entrou em contato com o estudante no dia seguinte às provas para garantir que o garoto tivesse preenchido os gabaritos do modo combinado. Após três semanas, o mesmo homem ligou para o estudante informando que no dia seguinte ele iria para Brasília terminar a redação acompanhado de uma pessoa de confiança.
No dia marcado, um homem se apresentou ao estudante como Ronaldo e disse que lhe buscaria. O universitário reconheceu Ronaldo Rabelo de Souza, quando o delegado mostrou a foto do mesmo. O homem também foi preso na segunda-feira.
No carro, segundo consta no depoimento do estudante, havia outras três pessoas e que Ronaldo afirmou que um avião do Sul do País estava chegando à Brasília com mais candidatos para fazer a redação. O homem informou ao rapaz que tinha contatos com a Banca Cespe, responsável pela realização do Enem.
O estudante citou o nome de três outros universitários, duas moças e um rapaz, que também compraram a vaga na UFG.
Lista
Na agenda de um dos envolvidos nas fraudes, Antônio Carlos da Silva Francisco, foram encontradas as informações de 18 candidatos que prestaram o Enem 2016 e que teriam participado de negociações para comprar vagas. A Polícia Civil tem conhecimento de que cinco dessas pessoas chegaram ao fim da negociação e conseguiram ingressar na Universidade.
Antônio Carlos da Silva Francisco teve prisão preventiva decretada. A UFG alegou que ainda não foi notificada sobre o caso e, assim que for notificada, vai se posicionar. Os nomes dos alunos não foram divulgados.
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