Terça-feira, 23 de Abril

Produtores rurais protestam contra a Enel por constantes falhas no fornecimento de energia

Publicado em 22/02/2019 às 18:59
Em Goiás

Produtores rurais de várias partes do estado protestaram, na tarde desta sexta-feira (22), em frente à sede da Enel, em Goiânia. Eles reclamam dos serviços de fornecimento de energia elétrica prestados pela empresa. Alguns deles alegam que chegam a ficar até dez dias sem luz nas propriedades e contabilizam altos prejuízos.

 

O grupo usa um carro de som e seguram placas com os dizeres: 'Enel, qual é a sua energia?'. O ato foi convocado pela Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg).

 

Em nota, a Enel disse que tem se reunido com membros da Faeg e que os índices de qualidade da empresa 'já apresentam melhorias' (leia na íntegra ao final do texto).

 

Um dos manifestantes afirmou que passou nove dias sem energia na sua propriedade e que teve de arrumar outros meios para deixar tudo funcionando. A situação, porém, não o impediu de perder produtos e ter um grande prejuízo.

 

 

'Na semana passada, no começo de fevereiro, do dia 3 ao dia 12, fiquei sem energia na propriedade e só foi restabelecida quando a gente conseguiu falar com chefe de gabinete da Enel. Além de perder o leite, só com óleo diesel para tocar o gerador eu gastei R$ 6 mil', afirma.

 

Os produtores fizeram entregas simbólicas de leite no local representando os prejuízos que tiveram. Para não desperdiçar ainda mais produtos, eles doaram 500 litros de leite para as entidades: Casa de Euripedes, Paróquia São Francisco de Assis, Casa de Ismael e Grupo Espírita Amor e Vida.

O presidente da Faeg, José Mário Schreiner, afirmou que a cobrança é por mais estabilidade na prestação do serviço para que os produtores possam trabalhar.

 

'A Enel implantou um caos total na vida social e econômica do nosso estado. Portanto, nós temos que buscar uma solução. Quando eles assumiram a Enel, tinham um plano de recuperar totalmente, em três anos, a capacidade de crescimento do estado e distribuição de energia. Já se passou dois anos e a qualidade piorou', afirmou.

 

O presidente da Federação do Comércio do Estado de Goiás (Fecomércio-GO), Marcelo Baiochi, também participou do evento e disse que percebe as dificuldades do público por causa das constantes quedas de energia.

 

'O comerciante está sofrendo junto com o homem do campo e toda sociedade. [...] Sofre todo setor, desde o pequeno empresário ao grande. Todo mundo está reclamando e nós buscamos o diálogo', afirmou.

 

Durante a manifestação os produtores colocaram dezenas de velas acesas na frente da Enel como forma de simbolizar os longos períodos sem energia.

 

Representantes de sindicatos e associações de produtores de vários municípios participaram da ação. O presidente do Sindicato Rural de Iporá, Adailton Leite, considera a situação no oeste goiano de calamidade.

 

'Só na nossa região foram R$ 10 milhões de prejuízo em dois meses. Temos mais de 1,7 mil sindicalizados e muitos deixaram de investir por conta de equipamentos queimados, como as ordenhadeiras. Eu mesmo perdi a minha no valor de R$ 25 mil. Quem perde equipamento fica no prejuízo porque não consegue ser ressarcido pela Enel por conta da burocracia. Em Iporá e redondeza, já tivemos que demitir cerca de 2 mil pessoas que trabalhavam no setor', disse.

 

O produtor rural e deputado estadual Amauri Ribeiro (PRP) esteve na manifestação e informou que foi aberta uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Assembleia Legislativa de Goiás para analisar os serviços e investimentos da Enel.

 

Nota Enel

 

A Enel Distribuição Goiás informa que tem se reunido com representantes da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (FAEG) e produtores rurais, principalmente, da região sudoeste do Estado, para discutir sobre os trabalhos que estão sendo realizados e necessidades dos clientes. A companhia reforça que respeita a manifestação e continua aberta ao diálogo. A Enel tem compromisso com consumidores de Goiás e tem trabalhado para a melhora constante da qualidade do fornecimento de energia no Estado.

 

A empresa esclarece que os índices de qualidade da distribuidora, fiscalizados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), já apresentam melhorias, tendo a duração média das interrupções do fornecimento de energia (DEC) reduzido em cerca de 6 horas em dezembro de 2018, em relação a dezembro de 2017 - a melhor duração desde dezembro de 2011. Com relação à frequência média de interrupções (FEC), o número alcançado em 2018 é o melhor da história da companhia. A companhia acrescenta que dos 148 conjuntos elétricos, em que o Estado é dividido, 101 já apresentaram melhoras no DEC, e representam 73% do total do número de clientes. A empresa informa, ainda, que quando assumiu o controle da distribuidora de energia de Goiás, em fevereiro de 2017, a rede da companhia no Estado estava deteriorada. Já foram investidos mais de R$ 1,5 bilhão, volume de recursos que representa bem mais que o dobro dos R$ 300 milhões anuais que a antiga CELG D investiu em 2015 e 2016, antes da privatização. Como as obras em curso são grandes e complexas, contribuirão ainda mais com a melhora da qualidade no médio prazo.

 

 

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