Publicado em
05/12/2021
às 08:08
Brasil
Um
suposto xingamento homofóbico que teria sido feito ao presidente Jair Bolsonaro
(PL-RJ) mobilizou as redes sociais ao longo da última semana. No dia seguinte à
detenção de uma mulher que xingou Bolsonaro e teria lhe chamado de
“noivinha do Aristides", em Resende, interior do Rio de Janeiro, o termo
disparou no Twitter e no Google. Porém, a ofensa não partiu da suposta
autora — mas de um perfil de rede social. A reportagem foi feita pelo
Jornal O Globo.
A
consultoria Bites identificou que uma conta no Twitter chamada “Felipe do PT” foi
a primeira a escrever “noivinha do Aristides”, antes do termo viralizar na
internet. A mesma conta foi detectada pelo pesquisador de mídias sociais
e colunista do GLOBO Pablo Ortellado como a origem da notícia falsa.
Ainda segundo o especialista, foram mais de 200 mil tweets em sete dias sobre o
assunto.
No
perfil, o homem se define como “Historiador”, “Petista e Lulista”. Ele costuma
fazer publicações contra o governo Bolsonaro, a direita e a Lava-Jato. Além
disso, faz postagens defendendo a esquerda e em apoio ao PT e ao ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Entre seus 21 mil seguidores, aliás, está a
conta oficial de Lula no Twitter.
“Bolsonaro
mandou a PF prender a mulher pq ela gritou "noivinha do Aristides". O
sargento Aristides era instrutor de judô na AMAN, no tempo em que genocida foi
cadete. Taí uma história pra ser mais aprofundada”, publicou "Felipe do PT"
na primeira postagem com o termo que teve mil retuítes e 6 mil curtidas.
Porém,
de acordo com o jornal Folha de São Paulo, a mulher detida afirmou nunca ter
utilizado a expressão "noivinha do Aristides", em referência a um
apelido que ele teria recebido no Exército, como foi divulgado nas redes
sociais. No Boletim de Ocorrência, a expressão utilizada pela motorista foi
“filho da puta”.
Segundo publicou a coluna de Lauro Jardim, a pergunta “quem é Aristides?” cresceu mais de 700% e se tornou uma das 10 perguntas mais buscadas no Google entre a última segunda-feira e terça-feira.
Mau
prenúncio para eleições de 2022.
Diversos
políticos e influenciadores, tanto da esquerda como da direita, compartilharam
a notícia falsa e disseminaram a hashtag “#NoivinhaDoAristides “ para falar do
tema. O senador Rogério Carvalho (PT-SE), publicou: “Não chamem Bolsonaro de
‘noivinha de Aristides’ porque dá prisão! Precisamos desvendar o crime embutido
nesta colocação”.
Já
o deputado federal Kim Kataguiri (DEM) gravou vídeo associando a expressão a um
projeto de lei relatado pelo então deputado Jair Bolsonaro que excluía menção à
“pederastia” do Código Penal Militar sobre atos libidinosos praticados em
quartéis.
Seguindo
a corrente de desinformação, internautas chegaram a compartilhar uma foto que
supostamente mostrava Bolsonaro e “Aristides” na Academia Militar das Agulhas
Negras (Aman). Porém, o rapaz destacado na foto com o presidente era o
ex-deputado federal Alberto Fraga (MDB-DF), segundo publicaram agências de
checagem.
Em coluna
publicada no GLOBO, Pablo Ortellado alertou que o episódio é um “prenúncio nada
auspicioso do jogo sujo que veremos nas eleições de 2022”. Ele destacou que o
PL das Fake News segue travado no Grupo de Trabalho da Câmara e que a Justiça Eleitoral
concentrou esforços em proibir os disparos em massa, medida pouco eficaz para
conter a desinformação na esfera pública.
“Depois
de 2018, todas as forças políticas aprenderam o poder que pode ser extraído do
jogo sujo nos aplicativos de mensageria privada. A campanha
#NoivinhaDoAristides sugere que esse jogo sujo estará bem distribuído entre
direita, esquerda e centro. Tudo indica que 2022 será pior que 2018”, afirma
Ortellado.
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