Quinta-feira, 28 de Março

Entenda como nasceu a fake news da ‘noivinha do Aristides’ sobre Bolsonaro

Publicado em 05/12/2021 às 08:08
Brasil

Um suposto xingamento homofóbico que teria sido feito ao presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ) mobilizou as redes sociais ao longo da última semana. No dia seguinte à detenção de uma mulher que xingou Bolsonaro e teria lhe chamado de “noivinha do Aristides", em Resende, interior do Rio de Janeiro, o termo disparou no Twitter e no Google. Porém, a ofensa não partiu da suposta autora — mas de um perfil de rede social. A reportagem foi feita pelo Jornal O Globo.

 

A consultoria Bites identificou que uma conta no Twitter chamada “Felipe do PT” foi a primeira a escrever “noivinha do Aristides”, antes do termo viralizar na internet. A mesma conta foi detectada pelo pesquisador de mídias sociais e colunista do GLOBO Pablo Ortellado como a origem da notícia falsa. Ainda segundo o especialista, foram mais de 200 mil tweets em sete dias sobre o assunto.

 

No perfil, o homem se define como “Historiador”, “Petista e Lulista”. Ele costuma fazer publicações contra o governo Bolsonaro, a direita e a Lava-Jato. Além disso, faz postagens defendendo a esquerda e em apoio ao PT e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Entre seus 21 mil seguidores, aliás, está a conta oficial de Lula no Twitter.

 

“Bolsonaro mandou a PF prender a mulher pq ela gritou "noivinha do Aristides". O sargento Aristides era instrutor de judô na AMAN, no tempo em que genocida foi cadete. Taí uma história pra ser mais aprofundada”, publicou "Felipe do PT" na primeira postagem com o termo que teve mil retuítes e 6 mil curtidas. 

 

Porém, de acordo com o jornal Folha de São Paulo, a mulher detida afirmou nunca ter utilizado a expressão "noivinha do Aristides", em referência a um apelido que ele teria recebido no Exército, como foi divulgado nas redes sociais. No Boletim de Ocorrência, a expressão utilizada pela motorista foi “filho da puta”.

 

Segundo publicou a coluna de Lauro Jardim, a pergunta “quem é Aristides?” cresceu mais de 700% e se tornou uma das 10 perguntas mais buscadas no Google entre a última segunda-feira e terça-feira. 


Mau prenúncio para eleições de 2022.

 

Diversos políticos e influenciadores, tanto da esquerda como da direita, compartilharam a notícia falsa e disseminaram a hashtag “#NoivinhaDoAristides “ para falar do tema. O senador Rogério Carvalho (PT-SE), publicou: “Não chamem Bolsonaro de ‘noivinha de Aristides’ porque dá prisão! Precisamos desvendar o crime embutido nesta colocação”. 

 

Já o deputado federal Kim Kataguiri (DEM) gravou vídeo associando a expressão a um projeto de lei relatado pelo então deputado Jair Bolsonaro que excluía menção à “pederastia” do Código Penal Militar sobre atos libidinosos praticados em quartéis. 

 

 

Seguindo a corrente de desinformação, internautas chegaram a compartilhar uma foto que supostamente mostrava Bolsonaro e “Aristides” na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman). Porém, o rapaz destacado na foto com o presidente era o ex-deputado federal Alberto Fraga (MDB-DF), segundo publicaram agências de checagem. 

 

 

Em coluna publicada no GLOBO, Pablo Ortellado alertou que o episódio é um “prenúncio nada auspicioso do jogo sujo que veremos nas eleições de 2022”. Ele destacou que o PL das Fake News segue travado no Grupo de Trabalho da Câmara e que a Justiça Eleitoral concentrou esforços em proibir os disparos em massa, medida pouco eficaz para conter a desinformação na esfera pública.

 

“Depois de 2018, todas as forças políticas aprenderam o poder que pode ser extraído do jogo sujo nos aplicativos de mensageria privada. A campanha #NoivinhaDoAristides sugere que esse jogo sujo estará bem distribuído entre direita, esquerda e centro. Tudo indica que 2022 será pior que 2018”, afirma Ortellado.

 

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