Sábado, 20 de Abril

Bolsonaro decide demitir Mandetta ainda nesta segunda-feira, diz jornal

Publicado em 06/04/2020 às 17:05

O presidente Jair Bolsonaro decidiu demitir ainda nesta segunda-feira o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, em meio à crise do novo coronavírus. O ato oficial de exoneração de Mandetta está sendo preparado nesta tarde no Palácio do Planalto. A expectativa é que a decisão seja publicada em edição extra do Diário Oficial da União após reunião do presidente com todos os ministros, entre eles Mandetta, convocada para as 17h. A informação sobre a exoneração de Mandetta foi confirmada ao Jornal o GLOBO por dois auxiliares do presidente da República.

 

O deputado federal Osmar Terra (MDB-RS), ex-ministro da Cidadania, é o mais cotado para substituí-lo. Ele almoçou com Bolsonaro e os quatro ministros que despacham do Palácio do Planalto nesta segunda: Walter Braga Netto (Casa Civil), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), Jorge Oliveira (Secretaria-Geral) e Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional).

 

A ala militar do governo defende o nome da imunologista Nise Yamaguchi para assumir o Ministério da Saúde. A avaliação é de que o nome dela seria aceito pela população, que hoje admira Mandetta, já que Nise tem mais de 40 anos de experiência, é médica do Hospital Israelita Albert Einstein e atuou em diversas áreas da saúde no Brasil.

 

Há uma tendência de que o nome dela não sofra rejeição pela bagagem de conhecimento e também por ser mulher. Nise defende o uso de cloroquina em pacientes infectados pelo novo coronavírus. 

 

Em reunião com integrantes do Ministério Público nesta segunda-feira, o ministro da Saúde admitiu a dificuldade que encontra no cenário político e que não sabe 'até quando ficará Ministro da Saúde'. A reunião pode ter sido um dos últimos compromissos de Mandetta no cargo.

 

O diagnóstico entre auxiliares do presidente é que a permanência de Mandetta no cargo se tornou insustentável após uma série de críticas do presidente à sua atuação no enfrentamento à Covid-19. Ele foi acusado por Bolsonaro de falta de humildade, em entrevista na última quinta-feira, e contrariou o presidente ao defender o isolamento e o distanciamento social para combater a disseminação da Covid-19.

 

No domingo, Bolsonaro havia dito, sem citar nomes, que 'algumas pessoas' do seu governo 'de repente viraram estrelas e falam pelos cotovelos' e que ele não teria medo nem 'pavor' de usar a caneta contra eles.

 

Mandetta vem negando que pediria demissão e disse que só sairia do governo por decisão do presidente. Na sexta-feira, após as críticas de Bolsonaro, afirmou que não iria 'abandonar o paciente'.

 

Terra, que é médico, manteve sua posição de apoio ao governo e pela flexibilização do isolamento, o que agradou a Bolsonaro.

 

Na última quarta-feira, o presidente teve três audiências com a participação de Terra no Palácio do Planalto, a primeira com o ministro-chefe da Casa Civil, Walter Braga Netto, e as outras duas com dez médicos, para discutir o uso da hidroxicloriquina no tratamento de infectados com a Covid-19. Mandetta, por sua vez, não foi convidado para as reuniões com os médicos.

 

Também na semana passada, o ministro da Saúde chamou Terra de 'Osmar Trevas' em um grupo de WhatsApp do DEM, seu partido, após o compartilhamento de uma notícia sobre a reunião com os médicos. Foi a única vez que ele se pronunciou no grupo da sigla em toda a crise.

 

 

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