Sexta-feira, 19 de Abril

Mulher morre na UPA de Goianésia por falta de vaga em UTI

Publicado em 22/05/2016 às 10:19
Goianésia

A lavradora Hilda Ferreira da Silva, de 58 anos, faleceu na noite da última terça-feira, (17/5), na Unidade de Pronto Atendimento - UPA - de Goianésia após aguardar por mais de 24 horas por vaga em alguma Unidade de Terapia Intensiva - UTI - do Estado, uma vez que nosso município não dispõe de nenhum leito.

 

Em conversa com o repórter Dener Rafael, Késia Ferreira da Silva, filha de Hilda, relatou que a mãe procurou atendimento na UPA na segunda-feira, 16, com tosse, febre e tontura, no entanto, após realização de exames foi detectado que ela havia sofrido um infarto.

 

“Minha procurou a UPA na segunda-feira tossindo, dando febre e tontura, pensávamos que era pneumonia, mas ontem [terça-feira, 17,] o médico nos falou que tinha dado infarto e que o caso dela era gravíssimo e necessitava urgente de uma UTI”.

 

Késia lamentou a morte da mãe e disse estar sem entender, uma vez que falaram para a família que havia saído uma vaga na UTI do Hospital de Urgências de Anápolis - HUANA.

 

“A gente fica indignado porque ela deu entrada lá já em estado grave, segundo os médicos, e que era urgência arrumar uma UTI e eles ficaram fazendo o possível lá com ela e segundo eles tinham saído uma vaga no HUANA, só que mais tarde já não tinha mais e minha mãe estava necessitando urgente dessa vaga na UTI e infelizmente ela veio a falecer sem o socorro”.

 

Em outro momento, segundo Késia, a família foi informada que a paciente não foi encaminhada por falta de uma UTI móvel que pudesse transportá-la com segurança até Anápolis.

 

“A gente fica sem entender porque segundo eles estava faltando a vaga na UTI, não a UTI móvel, aí depois já falaram que a vaga tinha saído, mas não a UTI móvel. A gente fica sem entender. Espero agora uma resposta deles né, pra saber o que aconteceu com ela. Porque que esta vaga não saiu tão imediatamente, por mais que seja difícil, e a gente quer uma resposta. Uma resposta certa”.

 

Outro lado


Em nota a Secretária Municipal de Saúde esclareceu que no mesmo dia que Hilda deu entrada na UPA a vaga na UTI foi solicitada. Até o Ministério Público de Goianésia solicitou vaga através do Centro de Apoio Operacional da Saúde, porém, sempre a resposta era de que não havia vaga.

 

Posteriormente a paciente sofreu duas paradas cardiorrespiratórias e na segunda os médicos não conseguiram reverter o quadro.

 

Confira abaixo a íntegra da nota.

 

“A senhora HFS, deu entrada na UPA no dia 16/05. Às 17h00 do mesmo dia foi aberta regulação no SAMU 192 com protocolo 166446526 e solicitação em Goiânia com protocolo 75531619739, ambas as solicitações pra UTI vaga zero. Ficamos aguardando a liberação do leito de UTI e após inúmeras tentativas e negativas foi realizada atualização do quadro clínico da mesma e aberto novo protocolo 166493039 e continuamos aguardando.

 

Foi acionado também pelo Ministério Público de Goianésia uma solicitação no Centro de Apoio Operacional da Saúde - CAODAUDE - ligado ao MP, que auxilia na busca de leitos. Tentamos também de forma 'independente' conseguir esta vaga porém sem sucesso e sempre com a resposta: 'está tudo lotado'.

 

Bom, a paciente em questão estava fazendo uso de respiração mecânica em bomba de infusão com uso de drogas (medicamentos) pro caso em questão, sendo assistida pela equipe médica e de enfermagem.

 

 

Fez uma parada cardiorrespiratória - PCR - que foi revertida e posteriormente fez outra PCR com RCP por cerca de 35 minutos e infelizmente veio a óbito. É certo que a mesma necessitava de uma assistência mais refinada, de cuidados intensivos, porém sem sucesso.

 

Esta questão de falta de leitos de UTI não é uma situação que não vivenciamos de hoje, e sim de uma longa data. Os leitos não são regulados pelas Secretarias Municipais de Saúde nem de Goianésia e nem de outros municípios e sim por uma regulação ligada a um complexo regulador central, porém, pra conseguir encaminhar necessita da vaga, e sem a referida vaga não libera o paciente pra ir batendo de porta a porta dos hospitais implorando pra serem atendidos.

 

Realmente não é uma situação fácil, nem pra família e muito menos pra nós que estamos à frente das demandas da sociedade. Fico triste em ver que alguns usam está situação pra marketing pessoal ou como trampolim para os holofotes.

 

 

Acho realmente que os meios de comunicação de nossa região, devem expor esta situação como é feito de forma diária ou semanal pela rede Globo, SBT e outros, e me coloco a disposição caso necessite de informações. Meus sinceros sentimentos a família”.

 

Faltou vaga em UTI ou UTI móvel?

 

O repórter Dener Rafael, ainda questionou o secretário municipal de saúde, Marcelo Gomes, se faltou a vaga na UTI ou se faltou uma UTI móvel para transportar a paciente até o HUANA. Em resposta a indagação, Marcelo Gomes afirmou que não havia saído a vaga, até porque as ambulâncias do município estão todas funcionando.

 

“Não procede [a informação]. Saiu esta história mesmo, só que confirmei com a regulação do SAMU 192 e não teve liberação de vaga momento algum. Nossas ambulâncias, inclusive a UTI [móvel] estão em ativas e sem ocorrências de segunda pra terça”, finalizou.

 

 Foto: divulgação 

 

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