Sexta-feira, 29 de Março

Polícia apura esquema suspeito de desviar R$ 50 milhões do Ipasgo

Publicado em 12/12/2019 às 13:23
Em Goiás

A Polícia Civil deflagrou na manhã desta quinta-feira (12) uma operação que apura a suspeita de desvio de R$ 50 milhões do Instituto de Assistência dos Servidores do Estado de Goiás (Ipasgo), plano de saúde dos servidores estaduais. Segundo a investigação, as irregularidades ocorreram no âmbito do contrato de prestação de serviço do órgão com o Instituto Goiano de Oncologia e Hematologia (Ingoh).

 

Vinte mandados de busca e apreensão são cumpridos. A operação, batizada de 'Metástase', constatou ainda que um paciente morreu em virtude da 'aplicação de tratamento quimioterápico inadequado com objetivo de angariar vantagem indevida'.

 

Em nota, o Ipasgo informou que apoia a operação e que o esquema ocorria em 'gestões passadas'. Relata ainda que a atual direção encontrou indícios de fraudes e repassou dados para a Controladoria Geral do Estado (CGE).

 

O Ingoh, por sua vez, disse que recebeu as informações sobre a operação com 'total tranquilidade' e que colabora com as investigações. Destacou ainda que a empresa tem 50 anos de atuação no mercado e nunca se envolveu em atividades irregulares.

 

Ao todo, 160 policiais participam da ação. Um dos mandados é cumprido no Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo). A assessoria de imprensa informou que a direção colaborou com a ação.

 

Robôs faziam auditoria

 

A operação é coordenada pelo Grupo Especial de Combate à Corrupção (Geccor). Segundo a investigação, o esquema envolvia as direções do Ipasgo e do Ingoh para realizar desvio de dinheiro.

 

Entre as irregularidades, a polícia descobriu que um robô era utilizado para realizar a auditoria automática das contas do Ingoh. Quando não desta forma, segundo a investigação, a auditoria era realizada por empresas terceirizadas, vinculadas aos membros investigados, de forma fraudulenta.

 

Essa situação, aponta a polícia, resultou em desvios de mais de R$ 50 milhões, que foram obtidos de várias formas. Entre elas, os policiais destacam que o Ingoh deixava de aplicar desconto em procedimentos conforme constava no acordo de credenciamento.

 

Outras situações levantadas pelos investigadores são o uso de dosagem menor do que a recomendada em tratamentos de pacientes e a aquisição de medicamentos de baixo custo, mas cobrando valores daqueles de referência.

 

Por fim, a polícia destacou que houve uso inadequado de medicação e tratamento quimioterápico, chegando a causar a morte de um paciente. (Texto G1 Goiás).

 

 

Nota do Ipasgo

 

O Instituto de Assistência dos Servidores do Estado de Goiás (Ipasgo) apoia o andamento da Operação Metástase, da Polícia Civil do Estado de Goiás, que investiga um esquema criminoso que ocorria no órgão nas gestões passadas. Os primeiros indícios de fraudes e desvios apareceram em auditoria promovida pela atual gestão do Ipasgo, cujos dados foram reportados à Controladoria Geral do Estado.

 

O Ipasgo informa que espera que todos os fatos relativos a tais denúncias sejam adequadamente apurados. A nova gestão do instituto esclarece que, desde o início do ano, atuou para fortalecer as medidas de transparência e o combate à corrupção.

 

O instituto tem apoiado de forma incondicional o andamento das operações da Polícia Civil e todas as informações solicitadas pelos órgãos de controle, como Controladoria Geral do Estado e Ministério Público, e pela Secretaria de Segurança Pública, estão sendo fornecidas.

 

Ao longo deste ano, a nova gestão do Ipasgo informa que tem trabalhado para avançar nas ações de controle e para regularizar a situação financeira do instituto. Neste período, foram pagas as dívidas deixadas pelos governos anteriores com a rede credenciada, que chegavam a quase R$ 500 milhões. Após esta etapa, os pagamentos para empresas e profissionais credenciados ao Ipasgo foram regularizados e as datas de quitações foram unificadas pela primeira vez na história do plano.

 

A rede credenciada foi ampliada e novos serviços de saúde passaram a ser oferecidos em várias regiões do Estado, como Entorno do Distrito Federal, região metropolitana e oeste goiano. Em Aparecida, a nova gestão inaugurou a primeira unidade do projeto Ipasgo Clínicas, que agora oferece pronto atendimento 24 horas para crianças e programa saúde da mulher.

 

Nota do Ingoh

 

O Instituto Goiano de Oncologia e Hematologia manifesta sua total tranquilidade com a operação policial de buscas promovida pela investigação nominada como Operação Metástase, especialmente porque vem colaborando permanentemente com as investigações, tendo se posicionado junto ao GAECO/MP-GO, em documento formal, pela abertura de todos os documentos, sistemas e fontes de dados e informações do instituto e seus diretores para quaisquer busca de informações de interesse da investigação policial.

 

É de total interesse do Ingoh a restauração da verdade, confiante nos métodos e na ética da empresa que construiu credibilidade e respeitabilidade em 50 anos de atuação no mercado goiano, nunca tendo se envolvido com atividades irregulares.

 

O Ingoh está certo que logo, através das investigações da Polícia, Ministério Público e da atuação do Judiciário, ficará comprovado que o Instituto não tem qualquer envolvimento com os supostos atos de ilegalidades praticados junto ao Ipasgo.

 

À imprensa informamos a nossa postura de transparência e pleno compromisso com a verdade, solicitando compreensão pela necessidade circunstancial de nomear como porta-voz do Ingoh o advogado Iure de Castro que apresentará novos posicionamentos e esclarecimentos necessários.

 

O Ingoh esclarece a acusação de que o óbito de um paciente, AFA, atendido em um única ocasião, em dezembro de 2017, é leviana e extremamente inoportuna.

Após dois protocolos de tratamento contra sua enfermidade, feitos em uma clínica concorrente, o paciente, portador de um câncer avançado, sem resposta a dois tratamentos anteriores, manifestava a intenção de mudança de local e de forma de seu último tratamento, que lhe causava reações colaterais graves, até mesmo piores que os de sua doença.

 

Então, foi-lhe proposto e prescrito, após consentimento, uma medicação patenteada, produzida por um laboratório de referência multinacional para tratamento de cunho paliativo.

 

Todos os documentos comprobatórios serão apresentados no decorrer das investigações. O Ingoh ainda esclarece que possui a mais alta padronização de tratamentos contra o câncer no estado de Goiás, o que também será atestado nos autos.

 

Comentários


Os comentários não expressam a opinião do Jornal Populacional e são de exclusiva responsabilidade do autor.

Encontre mais notícias relacionadas a: Notícia,

Veja Também