Hospital São Pio –X em Ceres, corre risco de fechar, salário em atraso

O Jornal Populacional conversou com o Dr. Claudio Campos Borges, ele que é médico obstetra, o jornal conversou também com o Secretário de Saúde Júnior Fleury e por último com o diretor do Hospital São Pio X, a respeito das dificuldades financeiras que a entidade vem passando.

O Dr. Claudio Campos, disse que presta serviço na maternidade do hospital, e mais outros três médicos, todos no plantão.

Dr. Cláudio, conta que os quatro médicos tem contrato de prestação de serviço, onde no contrato fala que prestou o serviço, já no mês seguinte é feito o pagamento. O médico conta que já é histórico o período de atrasos dos pagamentos. O médico relata que chegou ao final do mês de junho com 6 primeiros meses do ano sem receber.

Os médicos dialogaram e fizeram um documento que foi entregue no dia 1º de julho a direção do hospital São Pio X esclarecendo da necessidade da atualização do recebimento dos atrasados, daí continuaria prestando os serviços, o documento também foi enviado ao Conselho Municipal de Saúde e Secretaria Municipal de Saúde.

Dr. Claudio Campos Borges- médico obstetra 

Segundo Claudio, deixou bem documentado que não havendo o pagamento dos meses inadimplentes, os médicos trabalhariam até 31 de julho e que a partir de primeiro de agosto pode paralisar os atendimentos na maternidade.

Claudio, alega que no mês de julho os médicos não foram chamados para tratarem do assunto com a direção do hospital.

 Dentro do mês de julho, os médicos receberam os meses de janeiro e fevereiro, restando os meses de março, abril, maio e junho. Disse o Dr. Claudio Campos.

Secretário Municipal de Saúde Junior Fleury, fala do repasse da verba municipal que está em dia

De acordo com o Secretário Municipal de Saúde Junior Fleury, o repasse da verba municipal ao Hospital Pio X estão em dia, e que a grande problemática de tudo, é a real situação dos hospitais filantrópicos das Santas Casas pelo país.

Fleury, mencionou que o Hospital São Pio X vive 99% de seu recurso do Sistema Único de Saúde (SUS) e que é um recurso muito baixo, uma consulta paga ao médico, custa R$ 10,00 e pra manter o serviço, o hospital sofre muito para angariar e conseguir fechar a conta.

Fleury, conta que esteve em Brasília este mês de julho com o Ministro da Economia Paulo Guedes, juntamente com representantes de todo país, cobrando do ministro um olhar com mais carinho para as Santas Casas que realmente faz saúde pública para o país.

Fleury, reconhece mesmo estando em dia com os repasses municipal, já realizou reunião com a direção do Pio X, tentando amenizar essa situação buscando saídas.

Estado de Goiás, 14 repasses em atrasos, cerca de R$ 5 milhões.

Segundo secretário, o estado deixou de repassar cerca de R$ 5 milhões de reais para a prefeitura de Ceres, só de UPA, são quase R$ 2 milhões, recurso que poderia estar ajudando a secretaria, mas o prefeito Rafael até hoje conseguiu manter o pagamento da UPA em dia.

Fleury, falou que o estado sinalizou possíveis convênios em alguns municípios e Ceres angaria muito este convênio com o Hospital São Pio X, seria de grande valia, porque o estado precisa entrar com sua parte, precisa ter essa resposta, já que o valor da União é muito baixo.

Diretor do Pio X

Edivânio Antônio da Silva, diretor da instituição, confirmou o débito com os médicos, mas que não soma um período de 6 meses em atrasos, porque o hospital recebe os repasses pelo o produzido e que o repasse do SUS é sempre dois meses depois do produzido, ou seja, produziu em maio, recebe-se em julho dois meses após.

Ele conta que os repasses da prefeitura vem sendo feitos, porém há essa diferença própria da produção. Neste mês de julho a instituição recebeu o repasse da prefeitura referente ao mês de maio, do qual foi feito pagamento aos médicos referente ao mês de janeiro a folha completa e parte de fevereiro deste ano.

Edivânio, disse que a questão já foi discutida com o Bispo Don Eugênio Rixen, foi conversado em duas reuniões com o Secretário Municipal de Saúde Júnior Fleury, onde discutiu este assunto. Nesta quinta-feira (25/7) segundo Edivânio, seria encaminhado uma proposta aos obstetras dizendo a forma que serão pagos e que em nenhum momento o hospital deixará de cumprir com aquilo que foi prestado. Edivânio quer que o serviço não pare.

Crises nas Santas Casas.

O diretor falou das crises que as Santas Casas vem passando, os municípios vem passando. Edivânio, citou como exemplo o Hospital São Pedro em Goiânia que paralisou todo serviço de UTI, e conta hoje com uma dívida de R$ 20 milhões. Foi assinado nesta quinta-feira (25) um convênio com o governo do estado, a diocese também procurou o estado para ver que forma pode ajudar o hospital, mas que tudo isso demanda um certo tempo.

Os recursos que chegam a saúde, de modo geral é insuficiente.

De um modo geral segundo Edivânio, os recursos que chegam para saúde é insuficiente cobrir toda a demanda que tem. Só com médicos envolvendo UPA, hospital e SAMU a folha deles somam por mês aproximadamente R$ 420 mil.

É recebido pelos serviços de obstetrícia, cerca de R$ 40 mil por mês e é gasto no hospital R$ 60 mil de plantão aos médicos, paga-se também mais uma média de 30% de produção desses r$ 40 mil. Conta o diretor.

Secretário Municipal de Saúde Júnior Fleury 

Corre –se o risco do hospital paralisarem suas atividades em Ceres.

 Edivânio, falou que corre o risco do Hospital São Pio X paralisarem suas atividades em Ceres, não somente em função da maternidade, como os outros serviços porque a receita está menor do que a despesa, e isso o Governo Federal tem uma parte de responsabilidade, já que há mais de 30 anos não se repensa a tabela SUS. Há 10 anos, Edivânio conta que o exame de raio-x, o governo paga r$ 9,90, já para a instituição custa aproximadamente r$ 40,00, o eletro do coração desde que o SUS é SUS custa r$ 5,15, uma consulta especializada em obstetrícia o governo paga r$ 10,00.

“Se o governo não pensar em uma política pública de financiamento para a saúde como um todo, o Hospital São Pio X, assim como as outras Santas Casas corre se o risco de dizer: olha não dá mais”. Edivânio, disse que está buscando uma saída. A diocese através do Bispo Don Eugênio Rixen, já teve conversando com o governador em busca de uma solução, mas a questão é amorosa.

Edivânio, conta que o governo fez um convênio com a Santa Casa de Goiás nesta quinta-feira (25) no valor de r$ 10 milhões por ano, fez com Jataí no valor de r$ 11 milhões e com a Santa Casa de Anápolis no valor de aproximadamente r$ 8 milhões por ano, e espera que o governador olhem para a realidade de Ceres, Itapuranga, Catalão e Goiânia.

Ao finalizar, Edivânio disse acreditar que vai chegar a um denominador comum junto aos obstetras.